- Entrevistado
Maria Teresa Botti Rodrigues dos Santos, Cirurgiã-Dentista (FOUSP/1978); Especialista em Odontogeriatria e Pacientes com Necessidades Especiais; Mestre em Reabilitação (UNIFESP/1997) Doutor em Ciências (UNIFESP/1999); Pós Doutorado (UNICAMP/2002); Habilitação em Laser e Analgesia Inalatória; Gestora do Setor Odontológico do Centro de Reabilitação Lar Escola São Francisco/UNIFESP; Professora dos cursos de Graduação e Pós Grduação (Mestrado e Doutorado) em Odontologia da UNICSUL.
- Sabemos que é uma referência no atendimento à pessoas com necessidades especiais, mas como iniciou sua carreira com esse público?
Já nos bancos universitários era aluna monitora bolsista da disciplina de Prótese Buco Maxilo Facial, onde eram atendidos pacientes sequelados de ressecções tumorais da face, e outras malformações. Em 02 de fevereiro de 1981, isto é há 31 anos, o desafio de atender odontologicamente indivíduos com deficiência física no Centro de Reabilitação Lar Escola São Francisco, despertou em mim uma necessidade muito grande de aprendizado, que me acompanha até a presente data, objetivando promover saúde bucal destes pacientes.
- O que um dentista recém formado precisa “fazer e saber” para seguir essa carreira?
Estudar, querer aprender, estar aberto a novos desafios, novas abordagens, não desistir nunca e principalmente acreditar que sempre é possível grandes avanços mesmo em pequenos movimentos.
- Onde procurar essa formação na pós graduação?
Vários centros promovem cursos de especialização nesta área, como a ABENO, APCD e a UNICSUL
- Alguns colegas dizem que esse atendimento não é lucrativo, o que acha disso?
Há que se ressaltar que esta especialidade não prove os mesmos rendimentos financeiros comparados a outras mais lucrativas, mas tem muita coisa que o dinheiro não compra......
- Conte-nos algum fato marcante em sua carreira.
São várias as passagens ao longo destes anos. Muitos positivos como pacientes que encaminhamos para pesquisa de refluxo gastroesofágico pela observação clínica das erosões dentarias; pacientes que receberam toxina botulínica em músculos mastigatórios pois faziam auto injúria, muitas dietas modificadas, muitos hábitos deletérios removidos, o fim da linha de muitos pacientes que choravam de dor e depois de passar por todos os profissionais da saúde detectávamos focos infecciosos, e outros. Infelizmente alguns acontecimentos negativos também marcaram minha trajetória, como a pequena que convulsionou na minha cadeira e não houve tempo para socorrê-la, uma bradiarrtimia num paciente sindrômico que quase foi para o céu...
Mas o saldo foi muito positivo.
- Deixe algum conselho para nossos leitores, principalmente aos colegas que estão pretendendo iniciar o atendimento à pessoas com necessidades especiais.
Quando deito minha cabeça a noite no travesseiro tenho a sensação de missão cumprida, não só com a minha família, mas também com as pessoas com deficiência. Faça sua parte para nunca se arrepender do que que deixou de fazer